ESPEN – Nutrição Clínica na Doença Inflamatória Intestinal

ESPEN – Nutrição Clínica na Doença Inflamatória Intestinal

Fonte: shutterstock.com

Uma nova diretriz acabou de ser publicada pela Sociedade Europeia de Nutrição Parenteral e Enteral (ESPEN) para manejo ambulatorial e hospitalar de pacientes portadores de doenças inflamatórias intestinais (DII), especialmente, doença de Crohn (DC) e Colite Ulcerativa (CU).

As DII são mais prevalentes atualmente e podem estar associadas a alterações no estado nutricional. A desnutrição é mais presente na DC, devido à capacidade de afetar qualquer parte do trato gastrointestinal (TGI), já a obesidade, que anteriormente não era associada a essas condições clínicas, tem acometido os portadores de DII com acúmulo de tecido adiposo.

Orientações da diretriz da ESPEN

Para os autores, uma das formas de prevenção da DII é a qualidade da alimentação. Ter uma dieta a base de frutas e vegetais, rica em ômega-3 e pobre em ômega-6, está diretamente associada a uma redução do risco de desenvolver DII, além de medidas como cessação do tabagismo e uso consciente de antibióticos. 

Como deve ser a dieta para o tratamento da DII

Não existe uma dieta oral específica que deva ser recomendada para pacientes com DII a fim de promover remissão dos sintomas. Segundo os especialistas, todos os portadores devem ter um acompanhamento nutricional individualizado, a fim de ajustar suas necessidades nutricionais de macro e micronutrientes, objetivando a melhora e manutenção do estado nutricional. 

Recomendações para os ajustes nutricionais

Em relação ao consumo calórico e proteico, nos momentos em que a DII estiver em atividade, recomenda-se uma ingestão de 30-35kcal/kg/dia e 1,2 a 1,5g/ptn/kg/dia. Quanto aos micronutrientes, nos casos de deficiências, esses deverão ser suplementados.

Mas, vale lembrar que um suplemento multivitamínico diário pode corrigir a maioria das deficiências, mas não é garantia de adequação, mesmo em longo prazo. Ferro, zinco e vitamina D, por exemplo, podem requerer regimes de reposição específicos.

Uso das terapias nutricionais

Para os pacientes que não apresentarem uma ingestão oral suficiente, terapias complementares podem ser indicadas a fim de atingir as recomendações nutricionais. Segundo os especialistas, o suplemento nutricional oral (SNO) deve ser a primeira opção de tratamento.

Se a alimentação oral não for suficiente, a nutrição enteral (NE) também pode ser considerada como terapia de suporte, tendo preferência sobre nutrição parenteral (NP). A parenteral deve ser sugerida quando for totalmente contra indicada a utilização do TGI.

Nos pacientes pediátricos e adolescentes, a NE exclusiva é eficaz e pode ser recomendada como primeira linha de tratamento para induzir a remissão da DC ativa leve, mas não deve ser recomendada a adultos ou crianças com CU. 

Um olhar para a microbiota

Diferente dos demais guidelines, este aborda critérios de modulação da microbiota intestinal nos pacientes com DII, tendo em vista a forte relação da microbiota com o desenvolvimento e progressão da doença.

Conforme os autores, os probióticos não devem ser recomendados para tratamento da DC, nem para tratamento de doença ativa, nem para prevenção de recidiva na fase de remissão ou recorrência pós-operatória da doença. Mas, em pacientes com CU, probióticos selecionados ou preparações contendo probióticos podem ser usadas ​​como uma alternativa à terapia padrão com ácido 5-aminossalicílico (5-ASA) no tratamento da doença ativa leve ou moderada.

A diretriz ainda aborda sobre o manejo no perioperatório de pacientes com DII, utilização de antibióticos e outras práticas fundamentais no acompanhamento nutricional desses indivíduos. Confira mais detalhes no documento original:

S.C. Bischoff, P. Bager, J. Escher et al. ESPEN guideline on Clinical Nutrition in inflammatory bowel disease. Clinical Nutrition. January 13, 2023DOI

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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