Nos últimos 40 anos, o índice de massa corporal (IMC) quase triplicou no Reino Unido. Na população adolescente, cerca de 40% apresenta sobrepeso ou obesidade e isso se associa a um aumento de alterações de comportamentos alimentares. Essa mudança de comportamento nem sempre é positiva e se associa a restrição alimentar inadequada. Isso se deve, em parte, a puberdade e mudanças psicológicas e sociais, que acentuam a preocupação do adolescente com seu corpo. Influenciados por fatores como padrões de beleza, jovens estão mais susceptíveis ao comprometimento da saúde mental, depressão, ansiedade, compulsão alimentar, bulimia e anorexia.
Um
estudo da Revista JAMA investigou a mudança do comportamento alimentar e a
percepção corporal de 25.503 adolescentes no Reino Unido. A publicação conta
com dados de 30 anos de 3 estudos diferentes: British Cohort Study –BCS, Avon
Longitudinal Study of Parents and Children – ALSPAC e Millennium Cohort Study –
MCS.
Participantes
que obtiveram pelo menos uma alteração no Questionário Curto de Humor e
Sentimentos de 12 itens (SMFQ) ou em questionários de percepção corporal foram
incluídos. Isto indica se os adolescentes se auto relatavam com “peso abaixo do
normal, peso certo ou excesso de peso” e a sua percepção de mudança (manter,
perder ou ganhar peso). Os dados de um dos estudos incluídos identificaram que
1.952 adolescentes (37,7%) relataram ter feito algum tipo de dieta. Com base nos
dados mais recentes dos outros 2 estudos, identifica-se um aumento de
adolescentes que fazem dieta. Isto chega a 4.809 (44,4%) e se eleva para 6.514
(60,5%). Dentre esses adolescentes, o desejo de perda ou ganho de peso também
aumentou entre os jovens. Dados mais antigos apontam que cerca de 6,8% buscavam
a perda de peso, e os dados mais atuais sugerem 29,8% e 42,2%. Por outro lado,
o desejo de ganho de peso também sofreu variações.
Análises de regressão demonstraram que adolescentes se tornavam mais propensos a dizer que estavam tentando perder peso, ganhar peso ou manter o mesmo peso, do que dizer que não estavam fazendo nada a respeito de seu peso. Apesar de meninos com IMC normal terem apresentado percepção corporal distorcida e se considerarem acima do peso, alterações comportamentais desse tipo são mais comuns no sexo oposto. Meninas com IMC abaixo do ideal se consideraram eutróficas, e a prática de dieta ou exercido físico para perda de peso esteve mais associada a sintomas depressivos. Todas estas observações apresentaram aumento progressivo. Os autores concluíram que ao longo dos 30 anos avaliados, houve um aumento progressivo de prática de exercícios físicos visando perda ou controle de peso, distorção de composição corporal e adesão de dietas para perda de peso. Contudo, as medidas adotadas são geralmente ineficazes pra perda de peso e contribuem para desenvolvimento de prejuízos físicos e mentais.