Na Suécia, cerca de 6000 pacientes com obesidade grave são submetidos anualmente a cirurgia bariátrica, sendo o bypass gástrico em Y de Roux (RYGBP) a técnica cirúrgica mais frequente, realizada em 55% dos casos. A técnica de derivação biliopancreática com duodenal switch (BPD-DS) é mais comumente indicada para tratamento de pacientes com IMC> 50kg/m2, porém representa menos de 1% dos casos. Ambas técnicas cirúrgicas resultam em melhora do metabolismo da glicose, entretanto, os efeitos colaterais de hipo e hiperglicemia podem ocorrer.
Uma recente pesquisa sueca investigou o efeito do padrão alimentar e da resposta glicêmica pela medida da glicose intersticial (IG) em pacientes submetidos ao RYGBP e BPD-DS; pelo menos 1 ano após a realização da cirurgia. Trinta pacientes submetidos a BPD-DS (n=14) ou RYGBP (n=15) tiveram o IG medido por monitorização contínua da glicose (CGM) por 3 dias consecutivos, e os níveis de IG pós-prandial de 5 a 120 minutos foram analisados por 2 desses dias. O consumo alimentar de todos os pacientes foi registrado por nutricionista através do instrumento The Meal Pattern Questionnairem, um questionário alimentar validado na população de obesos.
Pacientes submetidos a técnica BPD-DS demonstraram uma maior redução no IMC após cirurgia, bem como níveis mais baixos de glicose e HbA1c circulantes quando comparados aos pacientes com RYGBP. Níveis de IG pós-prandial foram significativamente menores nos pacientes com DBP-DS em comparação aos tratados com RYGBP, com concentrações médias de 5,0 (± 1,0) e 6,3 (± 1,8) mmol/L, respectivamente (p <0,001 ). O nível médio de IG pós-prandial foi menor em BPD-DS do que em pacientes com RYGBP, 0,2 (± 0,6) vs. 0,4 (± 1,4) mmol / L (p <0,001). Além disso, a variabilidade IG pós-prandial foi menos pronunciada em BPD-DS do que em pacientes com RYGBP. O número médio de refeições diárias não apresentou diferença significativa entre os dois grupos, sendo 7,8 (± 2,6) no BPD-DS e 7,2 (± 1,7) no RYGBP (p = 0,56).
Os autores concluíram que pacientes submetidos a técnica de DBP-DS demonstraram menores concentrações e variabilidade de IG pós-prandial em comparação com pacientes tratados com RYGBP. Os dois grupos apresentaram padrão alimentar semelhante e as respostas pós-prandiais do IG provavelmente podem estar associadas a diferenças na fisiologia pós-operatória. As possíveis consequências a longo prazo da hiperglicemia e variação após o RYGBP requerem mais estudos.