Adiposidade central como forte preditor de risco para câncer

Adiposidade central como forte preditor de risco para câncer

O excesso de peso corporal é um forte fator de risco para várias doenças, incluindo certos tipos de câncer. Nos Estados Unidos, estima-se que 21% destes  cânceres poderiam ser evitados a cada ano se a população adulta mantivesse um Índice de Massa Corpórea (IMC) <25 kg/m².

Recentemente, foi realizado um estudo de coorte prospectivo com objetivo de investigar a relação das medidas antropométricas com o risco de câncer. Foram elegíveis 26.607 indivíduos entre 35 e 69 anos, sem história prévia de câncer, com IMC > 18kg/m². O estudo consistia de um questionário contendo questões sociodemográficas, histórico de saúde pessoal e familiar, estilo de vida e questionários de medidas antropométricas (questionário HLQ), alimentar (CDHQ) e atividade física (PYTPAQ). As medidas antropométricas aferidas foram peso, altura, circunferência abdominal e do quadril.

Após 7 anos de acompanhamento, cerca de 2.370 indivíduos apresentaram câncer. A proporção de indivíduos com sobrepeso foi semelhante entre os grupos com câncer e sem câncer, entretanto, a proporção de indivíduos obesos no grupo com câncer foi maior do que no grupo sem câncer (33,5% vs. 27% em homens e 32% vs. 25% em mulheres). Os valores médios de circunferência da cintura (CC) e razão cintura quadril (RCQ) foram superiores no grupo com câncer.

Homens e mulheres que não desenvolveram câncer apresentaram tendência a serem mais jovens, não fumantes, pré menopausadas, com níveis mais altos de educação, renda familiar e maior prática de atividade física no início do estudo, em relação aos que desenvolveram câncer. Em homens foi observada uma tendência positiva na relação entre o aumento do IMC e a incidência de todos os tipos de câncer (Ptrend ≤0,001), câncer de colon, linfoma não Hodgkin e cânceres hematológicos. Na comparação de homens com IMC normal (<25kg/m²) e IMC ≥30kg/m², estes últimos apresentaram aumento de 33% no risco de desenvolver câncer, sendo 2,71 X o risco para câncer de cólon e 2,47 para linfoma não Hodgkin. Mulheres com IMC ≥ 30kg/m² tiveram um aumento de 22% no risco de desenvolver todos os tipos de câncer. Foi observada uma associação positiva forte entre IMC ≥ 30kg/m² e risco de câncer endometrial. Mulheres com sobrepeso (IMC ≥ 25kg/m²) apresentaram aumento significante do risco para câncer de cólon. Quando ajustados às variáveis, a CC reduzia o risco encontrado para os cânceres. Utilizando o ponto de corte para CC trazido pelos guidelines (102 e 88 cm, respectivamente para homens e mulheres), os homens com medidas superiores apresentaram aumento do risco para todos os canceres (HR=1,22), e especificamente para câncer de cólon, hematológico (HR=1,56) e linfoma não Hodgkin (HR=2,11). As mulheres com medidas superiores ao ponto de corte aumentaram significativamente o risco para todos os cânceres (HR=1,17) e câncer endometrial (HR=3,14), mesmo quando ajustadas as variáveis.

A partir dos dados encontrados, os autores sugerem que a adiposidade central é um forte preditor de risco para todos os tipos de cânceres, principalmente em mulheres.

Referência: Barberio AM et al. Central body fatness is a stronger predictor of cancer risk than overall body size. Nat Commun. 2019; 10: 383.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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