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Em pacientes gravemente enfermos, devido a um estado hiperinflamatório, uma série de alterações no trato gastrointestinal são observadas, em especial, na microbiota intestinal.
Nesses indivíduos, a microbiota predominante é composta por um maior número de bactérias patogênicas, contribuindo para um quadro de dismotilidade gastrointestinal e, consequentemente, maiores complicações e mortalidade em pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS).
Dada a essas alterações na microbiota, seria a administração de probióticos uma alternativa eficaz? Continue lendo para descobrir.
Probióticos na UTI: uma boa estratégia?
A administração de probióticos atua inibindo a ação de bactérias patogênicas e também contribui para a imunomodulação, melhorando a barreira intestinal e favorecendo uma melhor sinalização de neurotransmissores importantes para pacientes críticos.
Entretanto, as diretrizes mundiais ainda não apresentam um consenso na recomendação da utilização destes suplementos na prática clínica, sendo necessários mais estudos para indicar sua recomendação com segurança.
Com base nisto, foi publicada uma nova revisão sistemática, com objetivo de avaliar a segurança e eficácia do uso de probióticos para diminuir a incidência de infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em pacientes adultos criticamente enfermos.
No total, 9 estudos foram incluídos na revisão sistemática, com 5 deles sendo considerados com alto risco de viés. Veja os resultados desta pesquisa a seguir.
Probióticos não trouxeram efeitos significativos
Em relação à mortalidade, nenhum estudo mostrou efeito significativo na sua redução em pacientes suplementados com probióticos, quando comparado com os grupos suplementados com fibras.
Ao avaliar a incidência de infecção frente à suplementação de probióticos, poucos estudos mostraram resultados significativos quando comparados aos grupos controles, tendo maior evidência nos quadros de infecção por pneumonia associada à ventilação mecânica.
Quanto ao hábito intestinal, em especial a diarreia, os estudos presentes na revisão também não exprimiram efeitos significativos quando comparado com os grupos controles.
O que podemos concluir?
Muitos estudos realizados para avaliar a eficácia e segurança da utilização de probióticos apresentam desenhos metodológicos heterogêneos, dificultando a realização de revisões sistemáticas assertivas que possam trazer recomendações de alta força de evidência para a prática clínica.
Portanto, os autores concluíram que os efeitos dos probióticos são específicos da cepa, ocorrem por meio de uma variedade de vias e mecanismos e podem diferir dependendo do estado da doença. Como resultado, a dosagem ideal de probióticos para pacientes criticamente enfermos permanece desconhecida.
Novos ensaios com pacientes apropriados, usando cepas probióticas específicas e de maior qualidade, são necessários para avaliar a eficácia geral dos probióticos em pacientes gravemente enfermos.
Referência:
Abdulaziz Sulaiman Alsuwaylihi, Fiona McCullough, The safety and efficacy of probiotic supplementation for critically ill adult patients: a systematic review and meta-analysis, Nutrition Reviews, Volume 81, Issue 3, March 2023, Pages 322–332.