A nova diretriz da Sociedade Europeia para Nutrição Clínica e Metabolismo – ESPEN apresenta recomendações para atendimento de pacientes submetidos à cirurgia. Considera-se que a assistência de pacientes no contexto cirúrgico deve contar com o entendimento das alterações clínicas e metabólicas, além de possíveis complicações que ocorrem por conta da lesão e do tratamento cirúrgico.
A cirurgia em si leva à inflamação, que corresponde a extensão do trauma cirúrgico e sua resposta metabólica ao estresse. Essa resposta exige demandas de energia e nutrientes e há necessidade de acompanhamento nutricional individualizado para prevenir complicações clínicas e desnutrição, particularmente quando o estresse e a resposta inflamatória são prolongados.
Ao considerar apenas o risco de aspiração ou regurgitação, o jejum pré-cirúrgico prolongado não é aconselhado. O oferecimento de alimentos sólidos é recomendado em até 6h antes da anestesia, enquanto líquidos claros com uma carga de carboidratos podem ser dados até 2 horas antes da cirurgia. Contudo, esta recomendação não se aplica a pacientes em cirurgia de emergência ou que apresentem algum tipo de atraso no esvaziamento gástrico.
O estado nutricional deve ser avaliado antes e depois de cirurgias extensas e critérios de diagnóstico para desnutrição, devem considerar a presença de pelo menos 1 dos seguintes:
- Perda de peso > 10% a 15% ao longo de 6 meses
- Índice de massa corporal (IMC) <18,5 kg / m2
- Avaliação subjetiva global C ou nutritional risk screening (NRS) >5
- Albumina sérica<30g/L (sem evidência de disfunção hepática ou renal)
A terapia nutricional perioperatória é indicada em pacientes com desnutrição e em risco nutricional. Esta abordagem também deve ser iniciada se identificado que o paciente não irá conseguir se alimentar por mais de cinco dias. Esta recomendação também é válida em pacientes com baixa ingestão oral ou que não conseguem manter acima de 50% da ingestão recomendada por mais de sete dias. Nessas situações, a terapia nutricional deve ser iniciada imediatamente, preferencialmente via enteral com suplemento oral ou via sonda.
A combinação de nutrição enteral e parenteral é recomendada se as necessidades de energia e nutrientes não puderem ser atendidas apenas pela ingestão oral e enteral e estiverem abaixo de 50% das necessidades calóricas por mais de 7 dias. A administração peri ou pós-operatória de fórmula específica enriquecida com arginina, ácidos graxos ômega-3 e ribonucleotídeos deve ser realizada em pacientes desnutridos submetidos a cirurgia de câncer de grande porte.
As demais orientações da diretriz podem ser acessadas no documento completo da publicação aqui.