Um estudo recente realizado na Universidade de Stanford (Califórnia) investigou a relação da composição e diversidade da microbiota basal com o sucesso na perda de peso em uma intervenção nutricional. O estudo também rastreou as associações entre mudanças na distribuição de macronutrientes nas dietas (com baixo teor de carboidratos ou gorduras) e a perda de peso concomitante com a mudanças na microbiota intestinal.
Um total de 609 pacientes foram submetidos ao protocolo de intervenção nutricional, que incluiu 22 aulas para grupos de 15 – 20 pessoas. Os participantes foram divididos em grupos de restrição de carboidratos ou gorduras (20 gramas ao dia) e orientados a manter este padrão nas primeiras 8 semanas. Em seguida, foi realizada a adição gradual dos nutrientes restritos, até alcançar o que o participante classificaria como o mínimo necessário para manutenção em longo prazo (metas individualizadas de acordo com cada participante).
Ao longo do estudo, ambos os grupos foram instruídos a maximizar a ingestão de vegetais e alimentos integrais e minimizar ou eliminar açúcares adicionados e grãos refinados, para melhorar a qualidade da alimentação de todos os grupos. Participantes foram encorajados a manter diários alimentares e comunicar com grupos sempre que necessário. Um total de 3 recordatórios de 24h (sem aviso prévio) foram realizados e uma sub-amostra realizou exames de análise de microbiota intestinal a cada 3 meses.
Os pesquisadores observaram redução de peso e da ingestão calórica. O valor energético diário consumido apresentou cerca de 30% de diminuição em ambos os grupos. A dieta pobre em carboidratos promoveu a redução de peso de 5,1 ± 6,7 kg, enquanto a dieta pobre em gorduras −5,6 ± 5,7 kg (sem diferenças entre estes grupos). Após 3 meses de dieta, foram observadas mudanças transitórias no microbioma, mas não foi possível estabelecer nenhuma correlação entre a microbiota e a perda de peso.
Ainda se fazem necessários mais estudos para entender os mecanismos de resiliência da microbiota, sua funcionalidade e interações com a condição do hospedeiro, como inflamação. Estudos futuros devem abordar as intervenções de perda de peso e monitoramento da microbiota para verificar possíveis correlações elucidativas.