Alterações nos sistemas imunológico e respiratório são esperadas durante a gravidez. Modulações imunológicas com a finalidade de acomodar o feto, aumento da demanda de oxigênio e edema de mucosa do trato respiratório tornam as gestantes especialmente suscetíveis a infecções por patógenos respiratórios e pneumonia. Pesquisas clínicas demonstram que infecções pelo vírus influenza ou da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) apresentam taxas de mortalidade mais altas em gestantes.
Um recente estudo realizado em uma maternidade em Wuhan – China investigou a alteração nos parâmetros imunológicos como proteína C reativa, dímero-D, creatina quinase e creatina quinase MB ( de oito mulheres grávidas, sendo 6 diagnosticadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) ou doença do coronavirus -COVID-19 e 2 com suspeita da doença), acompanhadas nos períodos pré e pós-parto. Sete das oito gestantes estudadas não apresentaram nenhum dos sintomas característicos da doença como febre e tosse no período anterior ao parto. No pós parto, três das sete mulheres assintomáticas apresentaram febre baixa (menor que 39ºC) e a tomografia de pulmão de uma delas apresentou-se opaca, e nenhuma desenvolveu pneumonia.
Os autores sugerem que alterações no sistema imunológico e nos níveis hormonais, que sofrem grande variação após o nascimento do bebê, desencadearam os sintomas observados no pós parto. O acompanhamento de parâmetros laboratoriais, que incluem contagem das células brancas do sangue, exames de imagem, dosagem de fatores inflamatórios (proteína C, por exemplo) ajudariam a na prevenção, tratamento e acompanhamento da COVID-19 em gestantes.