O envelhecimento leva a uma diminuição da força muscular que pode ocorrer de 2 a 5 vezes mais rápido que a perda de massa muscular. Sabe-se que a baixa força muscular está associada a maior risco de quedas, menor capacidade de realizar atividades da vida diária e maior risco de morte, sendo esse um melhor preditor de risco de mortalidade do que a quantidade de massa muscular. Uma das possíveis explicações para a perda de força muscular durante o envelhecimento pode ser o aumento de marcadores pró-inflamatórios, como a interleucina-6 e a proteína C-reativa (PCR). Assim, considerando que ácidos graxos ômega 3 (ω-3) apresentam propriedades anti-inflamatórias, enquanto outros ácidos graxos como gordura saturada e ômega 6 (ω-6), podem aumentar a inflamação, é possível especular que a substituição de gordura saturada e ω-6 por ω-3 pode diminuir a inflamação e aumentar a chance de apresentar maior força muscular. Partindo dessa ideia, pesquisadores testaram a hipótese se indivíduos com um maior consumo de ω-3 em substituição isocalórica a outros tipos de ácidos graxos e gordura saturada estariam associados a maior força muscular.
Foram incluídos neste estudo 2141 idosos (1119 homens e 1022 mulheres) com idade entre 50 e 85 anos, da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES) 1999-2000 e 2001-2002. Os participantes foram avaliados com ingesta alimentar através de recordatório de 24 horas, e força muscular através da força muscular do quadríceps direito. Os dados foram analisados através de regressão linear sem e com ajustes.
Como resultado, os pesquisadores encontraram que mulheres ativas consomem mais ω-3 do que os homens, mas a ingestão total de ω-3 associou-se positivamente ao pico de força somente nos homens após a análise de regressão linear sem ajustes; no entanto, após os ajustes apenas a ingestão total de ω-3 permaneceu significativa. Não foram observadas associações para as mulheres.
Em conclusão, a ingestão de ω-3 foi positivamente associada ao pico de força em homens mais velhos, mas não em mulheres mais velhas. Portanto, esses achados sugerem que a associação entre ω-3 e força muscular parece ser dependente do sexo. Além disso, a substituição de outros ácidos graxos pela ingestão de ω-3 não foi associada a maior resistência. Esses resultados mostram que a associação entre ω-3 e força muscular parece estar relacionada a um aumento da ingestão de ω-3 por si só, e não pela substituição de outros tipos de gordura por ω-3.
Por Jana Grenteski