O uso de fórmula enteral imunomoduladora tem mostrado benefícios em pacientes cirúrgicos com câncer gástrico. Estes pacientes tem alto risco nutricional devido à má absorção de nutrientes e metabolismo ativo de células cancerígenas. Além disso, a desnutrição pode suprimir a função imunológica, exacerbar a resposta ao estresse e inflamatória aumentando o risco de complicações infecciosas, atraso de recuperação pós-operatória e tempo de internação prolongado.
Recentemente, a revista científica Journal of Investigative Surgery, publicou um estudo randomizado duplo-cego controlado que teve como objetivo avaliar o efeito da dieta enteral imunomoduladora na função imune, resposta inflamatória e estado nutricional de pacientes com câncer gástrico comparada à fórmula enteral padrão. Foram estudados 110 pacientes com idade entre 18 e 80 anos, com câncer de estômago após gastrectomia parcial ou total. De forma randomizada, 60 pacientes receberam imunonutrição enteral (fórmula enriquecida com arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos) no pós-operatório precoce de 5 dias e 50 pacientes receberam nutrição enteral padrão (1 kcal/ml e 4 g proteína por 100 ml).
Os autores avaliaram como parâmetros primários as células T CD4 +, T CD3 +, bem como contagens de CD4 +/CD8 +, IgG, IgM e IgA. Parâmetros secundários incluíram níveis de leucócitos, proteína C-reativa (PCR), procalcitonina (PCT), fator de necrose tumoral-α (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e marcadores nutricionais como albumina, pré-albumina e concentração de transferrina.
Resultados mostraram diferença significativa dos parâmetros imunológicos e inflamatórios entre o grupo de imunonutrição enteral versus dieta padrão. A proporção favorável de células imunes T CD4 +,células T CD3 + e as contagens de CD4 +/CD8 +, IgG, IgM e IgA foram maiores no grupo imunonutrição enteral; enquanto nível de leucócitos e marcadores inflamatórios PCR e TNF-α foram significativamente menores comparados ao grupo que recebeu dieta enteral padrão. Não houve diferença significativa nos marcadores nutricionais entre os dois grupos.
Os autores concluíram que a dieta enteral imunomoduladora no pós-operatório precoce pode ajudar na melhora da função imunológica e inflamatória em pacientes com câncer gástrico submetidos à gastrectomia. Mais estudos ainda são necessários para recomendar tipo de fórmula imunomoduladora, volume e tempo de administração.
Referência: LI, Ka et al. Effect of Enteral Immunonutrition on Immune, Inflammatory Markers and Nutritional Status in Gastric Cancer Patients Undergoing Gastrectomy: A Randomized Double-Blinded Controlled Trial. Journal of Investigative Surgery, 2019.