Foi publicado o posicionamento oficial da Sociedade Italiana de Nutrição Humana sobre dietas vegetarianas em gestantes. Foram avaliados dois tipos de dietas vegetarianas: ovolactovegetariana, que exclui carnes, mas inclui produtos lácteos, ovos, mel; e veganas, que exclui carnes, produtos lácteos, ovos e mel.
A revisão incluiu 295 artigos científicos e destacou o consumo de proteínas, vitamina B12, ferro, zinco, cálcio, vitamina D e ácidos graxos ômega-3. Adicionalmente, foi avaliado a qualidade de proteína oferecida, sendo que esta é afetada pela digestibilidade e composição de aminoácidos. Como sugestão, proteínas vegetais concentradas ou purificadas (por exemplo, proteína de soja ou glúten) tem alta digestibilidade (>95%) ao contrário de vegetais intactos, como cereais integrais (digestibilidade em torno de 80-90%) ou outras proteínas vegetais (50-80%) devido paredes celulares e fatores antinutricionais.
Os poucos estudos comparando gestantes vegetarianas com onívoras demonstrou nenhuma diferença de peso ao nascer dos bebês, sendo que os amamentados de mães vegetarianas também tiveram um crescimento semelhante aos de mães onívoras.
Níveis sanguíneos de vitamina B12 em gestantes vegetarianas foram menores comparado a onívoras. Esta vitamina está presente em alimentos de origem animal e em pequenas quantidades em algumas algas, com biodisponibilidade baixa (lembrando que a vitamina B12 requer o fator intrínseco para sua absorção). Deste modo, a biodisponibilidade de vitamina B12 em vegetarianos depende da quantidade de alimentos de origem animal que estes consomem, assim como alimentos fortificados ou suplementos para veganos. É incentivado consumir uma fonte viável de vitamina B12, sendo que deve ser considerado que a absorção desta é 40% e deve alcançar ≥ 4 microgramas por dia.
No que diz respeito ao cálcio, é recomendado que as veganas consumam regularmente alimentos que sejam boas fontes como vegetais com baixo oxalacetatos e fitatos, produtos de soja, sementes e oleaginosas. Além disso, vegetarianas devem ser aconselhadas a consumir alimentos ricos em ácido ascórbico em conjunto aos alimentos ricos em ferro para melhorar a sua absorção, além de usar processos culinários (como por exemplo germinação) que diminua o conteúdo de ácido fítico de cereais e vegetais e assim diminuir o sequestro de ferro. Alimentos fortificados em ferro e zinco são encorajados.
Bebês de vegetarianas tem menores quantidades plasmáticas do ômega-3 DHA. Deve ser estimulado que estas gestantes consumam oleaginosas, linhaça, chia e outros óleos regularmente. Sugere-se limitar o consumo de óleos de milho ou girassol devido ao alto teor de ácidos graxos ômega 6. Suplementos a base de algas são boas fontes de ômega 3 e são indicados para gestantes vegetarianas.