Conteúdo
Quando o assunto é tratamento de câncer, cada descoberta é uma peça crucial neste quebra-cabeça. Recentemente, um estudo despertou grande interesse ao investigar o potencial dos probióticos para aumentar a sobrevida de pacientes oncológicos.
Já está bem documentada a participação do microbioma no câncer, tanto na oncogênese quanto na recorrência da doença. Entretanto, há uma escassez de evidências sobre o efeito e segurança da suplementação de probióticos nessa população.
A seguir, confira os achados desta pesquisa inovadora. Afinal, probióticos aumentam a sobrevida em pacientes com câncer?
Oito cepas bacterianas formavam o probiótico
O estudo científico tratou-se de uma análise ad hoc de um ensaio prospectivo randomizado anterior, que avaliou o efeito de um probiótico oral no perioperatório de curta duração.
Ao total, 135 pacientes oncológicos participaram da análise. Estes eram pacientes agendados para cirurgia gastrointestinal eletiva de grande porte, exceto aqueles com esofagectomia e gastrectomia total (sem ingestão oral precoce).
Os participantes foram divididos em dois grupos: aqueles que receberam probióticos perioperatórios, e aqueles que receberam placebo. Ambos foram administrados no pré-operatório, e a administração continuou no pós-operatório, 2 vezes ao dia, por até 15 doses ou até a alta do paciente.
O probióticos em questão (VSL#3) continha oito cepas diferentes de bactérias vivas com 112,5 bilhões de UFC por cápsula:
- Bifidobacterium breve
- Bifidobacterium longum
- Bifidobacterium infantis
- Lactobacillus acidophilus
- Lactobacillus plantarum
- Lactobacillus paracasei
- Lactobacillus bulgaricus
- Streptococcus thermophilus
O desfecho primário foi a sobrevida global a partir do dia da operação, e o desfecho secundário foi a recorrência de câncer, contando com análises estatísticas robustas.
Probióticos não trouxeram resultados
Após um acompanhamento médio de 6,2 anos, os resultados não revelaram diferenças significativas na sobrevida global ou na recorrência do câncer entre os grupos. Outros fatores, como idade, nível de albumina sérica pré-operatória e especialidade cirúrgica foram preditores significativos da sobrevida.
Esses achados sugerem que, pelo menos nas condições estudadas, o uso de probióticos não teve impacto na progressão da doença ou na taxa de sobrevivência.
Outras duas pesquisas anteriores, similares a esta investigação, apontaram benefícios com a administração de probióticos. Ambos demonstraram que o Lactobacillus casei oral retarda a recorrência do câncer de bexiga. Até o momento, os resultados na literatura científica são contrastantes.
Conclusão
Em resumo, não houve nenhuma diferença de sobrevivência atribuível a probióticos perioperatórios após um acompanhamento de 6 anos com pacientes oncológicos.
Segundo os autores, aspectos oncológicos da manipulação do microbioma devem ser mais estudados.
Para ler o artigo científico completo, clique aqui.
Se você gostou deste artigo, leia também:
- Imunonutrição em câncer gastrointestinal: efeitos pós-operatórios (ganepeducacao.com.br)
- Suplementos nutricionais orais melhoram a ingestão proteica em pacientes com câncer?
- Ômega-3 e câncer: suplementação pode ajudar no tratamento da caquexia?
Cursos que podem te interessar:
- Nutrição Oncológica
- Pós-graduação Nutrição Clínica e Hospitalar Semipresencial SP
- Nutrologia aplicada ao Consultório
Referência:
Franko, J., Raman, S., Patel, S., Petree, B., Lin, M., Tee, M. C., … & Frankova, D. (2024). Survival and cancer recurrence after short-course perioperative probiotics in a randomized trial. Clinical Nutrition ESPEN, 60, 59-64.