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Ao lado das doenças cardiovasculares, o câncer lidera as taxas de mortalidade mundiais. Entretanto, diversos fatores de risco para o câncer são modificáveis, tais como o sobrepeso e a obesidade.
Muitas estratégias dietéticas com foco em emagrecimento já foram descritas na literatura científica. A restrição calórica (RC) e o jejum são as modalidades mais comuns. Mas qual delas é a mais eficaz quando pensamos em pacientes oncológicos com excesso de peso?
É justamente essa questão que uma recente pesquisa buscou responder, ao comparar os efeitos da restrição calórica ou jejum no peso de pacientes com câncer. Confira os detalhes a seguir!
21 pacientes com câncer de mama participaram da pesquisa
Em um ensaio clínico prospectivo, intervencionista, não randomizado e aberto, 21 mulheres com câncer de mama foram recrutadas do Centro de Cáncer UC CHRISTUS, no Chile. Os critérios que inclusão foram:
- Ser maior de 18 anos;
- IMC ≥ 25 kg/m²
- Câncer de mama diagnosticado por biópsia
- Indicação de radioterapia com intenção curativa
Em seguida, na etapa da intervenção, as participantes foram divididas entre dois grupos, de acordo com a preferência pessoal:
- Grupo restrição calórica (n=16): com base nas diretrizes da The Obesity Society, tiveram uma ingestão calórica 25% menor que o gasto energético, distribuído em quatro refeições e um lanche. A proporção de macronutrientes foi de 55% carboidratos, 15% proteínas e 30% gorduras, sem adição de açúcar e de gordura saturada.
- Grupo jejum (n=5): seguiram uma alimentação com restrição de tempo, com 8 horas de ingestão alimentar e 16 horas de jejum diário. Tiveram a ingestão calórica de acordo com o gasto energético, e também houve exclusão de açúcar e gordura saturada durante o período de alimentação.
Doze semanas após a intervenção, os pesquisadores avaliaram medidas antropométricas (incluindo peso), parâmetros metabólicos, qualidade de vida, toxicidade aguda e adesão à dieta.
Restrição calórica ou jejum: qual foi mais eficaz?
Após análise dos resultados, os autores concluíram que ambas as estratégias foram eficazes no emagrecimento, de modo que 57% das participantes reduziram pelo menos 5% do peso corporal. Entretanto, um dos grupos se sobressaiu.
Enquanto a restrição calórica possibilitou uma perda média de 3,02 kg, o jejum gerou a redução média de 6,84 kg do peso corporal.
O mesmo aconteceu para a redução da circunferência de cintura, que diminuiu cerca de 4,14 cm no grupo RC, e 7,5 cm no grupo jejum.
Além disso, as pacientes do grupo jejum apresentaram 100% de adesão, enquanto apenas 43% (7 em 16) das participantes do grupo RC aderiram à intervenção.
Em relação aos parâmetros metabólicos, como níveis de colesterol total, HDL e LDL, as alterações foram mínimas e não significativas.
Apesar dos benefícios do jejum, os autores ressaltaram que as limitações do estudo devem ser levadas em conta, como o baixo número de pacientes, a falta de acompanhamento a longo prazo e a ausência de grupo controle.
Conclusão
A pesquisa sugeriu que tanto a restrição calórica quanto o jejum são estratégias eficazes na perda de peso significativa em pacientes com câncer de mama. Entretanto, o jejum pode ter efeitos superiores, e tal achado é consistente com a literatura. Portanto, os autores apoiam essa estratégia em pacientes oncológicos que necessitam de emagrecimento.
Novas pesquisas com maior qualidade metodológica devem ser conduzidas para reforçar este resultado.
Para ler a pesquisa completa, clique aqui.
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Referência:
Vega C, Barnafi E, Sánchez C, Acevedo F, Walbaum B, Parada A, Rivas N, Merino T. Calorie Restriction and Time-Restricted Feeding: Effective Interventions in Overweight or Obese Patients Undergoing Radiotherapy Treatment with Curative Intent for Cancer. Nutrients. 2024 Feb 7;16(4):477. doi: 10.3390/nu16040477. PMID: 38398802; PMCID: PMC10892811.