Semaglutida: papel promissor na redução do risco cardiovasclar

Semaglutida: papel promissor na redução do risco cardiovasclar

semaglutida
Fonte: Canva

As doenças cardiovasculares (DCV) representam uma preocupação significativa de saúde mundial, sendo a principal causa de morte ao redor do globo.

Entretanto, a maioria de seus fatores de risco são preveníveis ou controláveis, incluindo diabetes, atividade física insuficiente, estresse, padrões alimentares pouco saudáveis ​​e tabagismo. Assim, as DCVs são uma das causas mais preveníveis de mortalidade no mundo.

Recentemente, uma pesquisa explorou o papel promissor da semaglutida na redução do risco cardiovascular em pacientes com obesidade. Vamos entender isso melhor? 

Qual é a relação entre obesidade e doença cardiovascular?

A obesidade é um conhecido fator de risco para problemas cardíacos. Essa doença causa várias alterações no corpo que podem levar a problemas cardiovasculares, incluindo dislipidemia, resistência à insulina, pressão arterial elevada e aterosclerose, todas relacionadas à DCV. 

Por exemplo, a obesidade é um fator de risco crucial para a doença arterial coronária (DAC), uma condição caracterizada pela formação de placas ateroscleróticas nas artérias coronárias, que frequentemente resulta em ataques cardíacos. 

O mecanismo por trás dessa relação envolve uma inflamação crônica de baixo nível desencadeada pelo excesso de tecido adiposo. Isso causa a liberação de moléculas pró-inflamatórias, como citocinas e quimiocinas. Consequentemente, essa reação atrai células imunes para as paredes arteriais, levando à formação de placas ateroscleróticas.

Estudos também sugerem que a obesidade está associada a uma maior chance de morte cardíaca súbita, mesmo em indivíduos sem condições cardíacas preexistentes.

Tratamento da obesidade por via farmacológica: Semaglutida

O tratamento da obesidade pode se dar por diversas vias, sendo a mais comum as mudanças de estilo de vida, seguidas pela terapia farmacológica e pela cirurgia bariátrica.

Nos últimos tempos, a farmacoterapia vem ganhando grande destaque, com a liberação dos medicamentos agonistas do Peptídeo 1 semelhante ao Glucagon (GLP-1). Alguns exemplos incluem a semaglutida e a liraglutida.

O GLP-1 é um hormônio natural que regula o controle glicêmico por meio de diferentes mecanismos, como regulação da liberação de insulina, regulação do esvaziamento gástrico e supressão da liberação de glucagon após as refeições. 

Particularmente, a Semaglutida demonstra similaridade estrutural com o GLP-1 humano em cerca de 94%, refletindo as ações deste hormônio. A Semaglutida também causa a síntese de insulina ao estimular as células das ilhotas pancreáticas e, subsequentemente, reprimir a secreção de glucagon. 

Além disso, a semaglutida também inibe a secreção de glicose ao se ligar seletivamente ao receptor GLP-1. 

Por fim, um estudo também indicou que a semaglutida está associada à diminuição do apetite e dos desejos, controle aprimorado sobre os hábitos alimentares, e preferência reduzida por alimentos ricos em gordura.

Segundo estudo, semaglutida pode reduzir eventos cardiovasculares

Inicialmente aprovado para tratar perda de peso e diabetes tipo 2, a Semaglutida vem mostrando resultados promissores na redução de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE), como morte cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular cerebral não fatal. 

Um exemplo é o estudo SELECT, com design duplo-cego controlado por placebo. Essa investigação teve como objetivo avaliar o impacto de uma dose semanal de 2,4 mg de semaglutida em indivíduos com doença cardiovascular estabelecida, juntamente com sobrepeso ou obesidade e sem histórico prévio de diabetes. Ao total, foram 17.604 participantes adultos de 41 países. 

Como resultado, os cientistas descobriram que, juntamente com o tratamento preventivo padrão, a Semaglutida associou-se a uma redução notável de 20% no risco de ataques cardíacos ou derrames, em comparação ao placebo. 

Os resultados também se alinharam com a segurança e a tolerância do paciente às injeções semanais de 2,4 mg de semaglutida, confirmando descobertas anteriores sobre o mesmo tratamento.

Até o momento, não há medicamentos aprovados para controle de peso que comprovadamente forneçam controle de peso eficaz e, ao mesmo tempo, reduzam o risco de ataque cardíaco, derrame ou morte cardiovascular. 

Assim, o SELECT foi um estudo histórico, demonstrando que a semaglutida 2,4 mg tem o potencial de mudar a forma como a obesidade é tratada.

O que podemos concluir?

Em conclusão, o potencial multifacetado da semaglutida parece se expandir para além do tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, incluindo agora a redução de eventos cardiovasculares. 

Segundo os autores, há necessidade de mais estudos populacionais, maiores e mais diversos, para investigar a segurança e a eficácia geral dessa intervenção.

Para ler a pesquisa completa, clique aqui.

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Referência:

Irfan, H. (2024). Obesity, cardiovascular disease, and the promising role of semaglutide: insights from the SELECT trial. Current Problems in Cardiology, 49(1), 102060.

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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