A hipertensão arterial resistente (HAR) caracteriza-se pela permanência da pressão arterial (PA) acima das metas recomendadas mesmo com o uso de três anti-hipertensivos de diferentes classes. A HAR também pode ser secundária, por causas endócrinas (hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma, hipo e hipertireoidismo) ou não endócrinas (apnéia obstrutiva do sono, doença do parênquima renal e estenose).
O fenótipo da HAR inclui características que o distinguem da não resistente. Essas características incluem: idade mais avançada, obesidade, alta ingestão de sal, doença renal crônica, diabetes e lesão de órgãos-alvo (hipertrofia ventricular esquerda), e é mais comum no sexo feminino e em pessoas de raça negra.
A HAR também pode ser classificada como controlada, cujo agravante é a retenção persistente de flúidos; ou não controlada, que apresenta hiperatividade simpática.
O tratamento não farmacológico foca-se em cuidados com o peso, consumo de sal e álcool e atividade física:
1. Pacientes com índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2 têm 50% mais chances de apresentar PA não controlada do que aqueles com IMC normal (< 25 kg/m2). O IMC > 40 kg/m2 triplica as chances de necessidade de múltiplos fármacos para controle da PA. A perda ponderal de 10 kg associa-se a redução média de 6,0 mmHg na PA sistólica e 4,0 mmHg na PA diastólica. Essa recomendação atende ao bom senso e as evidências disponíveis.
2. O controle no consumo de sal é especialmente eficaz em idosos, afrodescendentes e indivíduos com filtração glomerular diminuída. Em hipertensos resistentes, uma dieta hipossódica com 2,5 g diários de sal pode reduzir a PA em até 23,0/9,0 mmHg.
3. Recomenda-se a restrição do consumo diário de álcool a menos de dois “drinks-padrão” (cerca de 24 g).
4. Em pacientes com HAR, o exercício aeróbico regular pode diminuir a PA aferida em consultório ou em ambulatório, além de atenuar a característica ativação neuro-humoral e melhorar a capacidade cardiorrespiratória. Exercícios devem ser realizados sob supervisão e, naqueles com PA muito elevada (PA sistólica ≥ 180 mmHg ou PA diastólica ≥ 110 mmHg), a atividade física deve ser adiada até que a otimização do tratamento medicamentoso promova a redução da pressão.
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