O período da infância engloba muitas mudanças, desde o físico até o cognitivo. Se faz necessário o adequado aporte de nutrientes para que esse desenvolvimento ocorra em uma boa proporção através da ingestão satisfatória de calorias, macronutrientes, micronutrientes e fornecimento de uma boa variedade de alimentos em cada estágio da vida.
Recentemente, o estudo prospectivo, transversal e observacional EsNuPi (Estudo Nutricional na População Infantil Espanhola) visou colher informações sobre o perfil alimentar, atividade física e estilo de vida de crianças de 1 a 10 anos de idade. O total de 1.448 crianças participaram do estudo e realizaram entrevista presencial e por telefone para coleta de informações sociodemográficas, questionário de frequência alimentar, recordatório alimentar de 24 horas, e um questionário de atividade física e comportamento sedentário (PABQ).
Durante o estudo as crianças foram divididas em dois grupos: um que consumiu leite padrão nos últimos 12 meses (LP), e um grupo chamado de “consumidores de leite adaptado” (LA), que consumiu fórmulas lácteas adaptadas e fortificadas nos últimos 12 meses. (n = 742 SRS; n = 772 AMS).
Dentro do grupo LP, os meninos apresentaram maior ingestão de calorias do que as meninas (1.515 kcal vs. 1.461 kcal/p = 0,043), com maior proporção de carboidratos (45,4%), seguido por gordura (36,5%) e proteínas (16,5%). Já no grupo LA não foram encontradas diferenças estatísticas entre os sexos para a ingestão calórica. Os carboidratos também contribuíram com maior proporção (46,7%) para a ingestão energética da dieta, seguido por gorduras (35,9%) e proteínas (15,6%).
A porcentagem de crianças que atenderam à ingestão calórica foi maior em consumidores de leite adaptado do que no grupo que consumia leite padrão (93,4% vs. 84,0%/p <0,001). Alguns grupos alimentares contribuíram para uma maior proporção de energia no LA do que no LP, são eles: leite e produtos lácteos (p <0,001), frutas (p = 0,001) e ovos (p = 0,024). Os grupos alimentares que contribuíram menos para a ingestão calórica no grupo LA do que no LP foram cereais (p <0,001), carne e derivados (<0,001), óleos e gorduras (p = 0,044), bebidas açucaradas (p = 0,011), legumes (p = 0,027) e nozes (p = 0,002).
No grupo LP, 84,7% (n = 598) foram classificados como consumo calórico adequado e 15,3% (n = 108) não adequado (6,1% abaixo e 9,2% acima). Já no grupo LA, 83,5% (n = 618) foram classificados consumo calórico adequado e 16,4% (n = 122) não adequado (5,9% abaixo do relatório e 10,5% acima do relatado).
Os autores constataram que o percentual de ingestão energética foi de 113% para o LP e 120% para o LA, em relação com as recomendações das diretrizes de alimentação espanhola. Esses resultados foram compatíveis com outros estudos internacionais similares, incluindo o ALSALMA, ANIBES e IDEFICS, onde todos encontraram uma ingestão excessiva de calorias.