O surto de COVID-19 foi declarado como pandemia em Janeiro de 2020 e análises de dados preliminares sugerem que o excesso de peso (IMC superior a 25 kg/m2) pode ser um fator de risco para aumento da gravidade de doenças respiratórias e complicações dos sintomas do COVID-19.
Recente estudo avaliou se pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), que são frequentemente obesos, possuem riscos metabólicos adicionais que possam traduzir a um maior agravamento do desenvolvimento da doença do COVID-19.
O total de 66 pacientes adultos com COVID-19, entre 18 e 75 anos, de três hospitais em Wenzhou – China, diagnosticados com DHGNA, foram divididos em dois grupos: pacientes com obesidade (n = 45) e pacientes sem obesidade (n = 21). Foram coletados dados demográficos, histórico médico, parâmetros laboratoriais, peso corporal e altura. Todos os pacientes negaram histórico de doenças pulmonares obstrutivas ou restritivas crônicas; e a gravidade do COVID-19 foi avaliada durante a internação e classificado como grave e não grave com base nas diretrizes atuais.
A idade média dos pacientes foi de 47 anos e 74,2% eram do sexo feminino. O IMC médio para os pacientes sem obesidade e com obesidade foram 22,7kg/m2 e 28,3 kg/m2, respectivamente. Deles, 71,2% eram pacientes com quadro não grave de COVID-19 e 28,8% com COVID-19 grave. Comparado com aqueles com COVID-19 não grave, os pacientes com doença grave eram mais obesos (89,5% vs. 59,6%, p = 0,021). Pacientes com DHGNA foram classificados como mais graves (37,5% vs. 9,5%, p = 0,021) para a doença do COVID-19.
Os pacientes obesos apresentaram níveis mais altos de marcadores hepáticas (aspartato aminotransferase), glicemia de jejum, LDL-colesterol e menor número de linfócitos (p = 0,005). Essa população também foi mais propensa a serem fumantes (26,3% vs. 6,4%, p= 0,038) e apresentaram concentrações mais altas de proteína C-reativa (p <0,001).
Os autores concluíram que pacientes obesos tem quase 3 vezes mais risco de terem um desenvolvimento mais grave do COVID-19; enquanto pacientes com DHGNA e obesidade coexistente apresentaram risco 6 vezes maior para complicação da doença.
Por: Nicole Perniciotti