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Pacientes criticamente enfermos, que frequentemente dependem da terapia nutricional enteral (TNE) para suprir suas necessidades calóricas, enfrentam um desafio invisível, mas de alto impacto: a disbiose intestinal.
O estresse da doença, o uso intensivo de antibióticos e a própria internação hospitalar desequilibram a microbiota, comprometendo a função de barreira do intestino. Esse desajuste pode levar a diarréia, má absorção e, o mais grave, aumentar o risco de infecções hospitalares.
Diante desse cenário complexo, uma pesquisa consolidou evidências que investigam se a combinação da TNE com probióticos em pacientes críticos oferece um caminho mais seguro e rápido para a melhora clínica, continue lendo para ver os resultados.
Sobre o estudo
Esta pesquisa consistiu em uma revisão integrativa da literatura para encontrar associações entre os efeitos clínicos da administração de probióticos em pacientes críticos recebendo TNE.
Os autores realizaram uma busca detalhada em importantes bases de dados científicas (como PubMed e ScienceDirect) cobrindo o período de 2014 a 2025. O foco estava em estudos que incluíssem adultos criticamente enfermos submetidos à TNE e a uma intervenção com probióticos.
A revisão final incluiu 21 artigos, que variavam desde estudos retrospectivos até ensaios clínicos randomizados e controlados. Havia pacientes monitorados principalmente na UTI (14), mas também em enfermarias (4) e até mesmo em casa (3), ou seja, diferentes contextos de cuidado. Todos os estudos compararam o grupo intervenção com grupos controle que receberam apenas TNE ou placebo.
Principais achados
Todos os trabalhos revisados indicaram benefícios clínicos de alguma natureza para os pacientes que receberam a suplementação. Isso reforça a ideia de que os probióticos em pacientes críticos são capazes de modular a microbiota intestinal, melhorando a integridade da barreira e otimizando as respostas imunológicas e inflamatórias.
Os resultados clínicos mais importantes e de maior impacto para o paciente e para o sistema de saúde incluem:
- Redução do tempo de internação: a suplementação de probióticos em pacientes críticos promoveu redução no período de hospitalização.
- Melhora da função gastrointestinal: foi apontada diminuição da incidência de diarreia, inclusive aquela associada ao uso prolongado de antibióticos.
- Prevenção de infecções graves: houve redução, por exemplo, na incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica.
- Segurança terapêutica: nos estudos analisados não houve reporte de efeitos colaterais ou riscos adversos graves relacionados à administração dos probióticos em pacientes críticos.
O que podemos concluir?
A revisão aponta benefícios valiosos com a suplementação de probióticos em pacientes críticos, demonstrando a necessidade de mais pesquisas que aprovem essa prática clínica.
Ao fortalecer a saúde intestinal e o sistema imunológico, a estratégia pode contribuir para menos complicações e menor tempo de internação, reduzindo custos hospitalares e, fundamentalmente, promovendo uma melhor qualidade de recuperação para o paciente em seu momento de maior vulnerabilidade.
Para ler o artigo científico completo, clique aqui.
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Referência
Almeida GM, Egea MB. Probiotics: A Little Help for Enteral Nutritional Therapy in Critically Ill Adults. Int J Mol Sci. 2025 Aug 30;26(17):8458. doi: 10.3390/ijms26178458. PMID: 40943377; PMCID: PMC12429282.