Devido suas propriedades terapêuticas, o chá verde (Camellia sinensis) tem sido utilizado com diversas finalidades clínicas. A ação fitoterápica inclui atividade antioxidante e anti-inflamatória, que parece ter benefícios em condições em que há aumento de citocinas pró-inflamatórias e inflamação sistêmica, como obesidade e síndrome metabólica. Além disso, alguns estudos avaliam o potencial das catequinas e a cafeína do chá verde na perda de peso, particularmente no gasto energético e na oxidação de gorduras.
Embora a inflamação sistêmica seja guiada por concentrações elevadas de algumas citocinas, alterações de miocinas (proteínas secretadas pelo músculo esquelético) podem mediar essa condição. Ao induzir mudanças na produção de adiponectina no tecido adiposo, a irisina pode modular a inflamação de maneira indireta. Isto pode contribuir com a melhora no controle glicêmico, aumento do consumo de oxigênio, controle de peso e redução da inflamação. Um estudo recente avaliou os efeitos da suplementação do extrato do chá verde e do exercício de endurance nas concentrações de irisina, adipocinas, proteína C reativa (PCR) de alta sensibilidade e composição corporal. Foram estudados 45 homens sedentários com excesso de peso, idade entre 40 e 50 anos, sem diagnóstico de diabetes, doença cardiovascular e distúrbio do sono, que não faziam uso de suplementos ou medicamentos e dormiam de 7 a 8 horas por noite.
Os participantes foram alocados em três grupos: treinamento de resistência + placebo, treinamento de resistência + suplementação com extrato de chá verde e sem treinamento de resistência + placebo. O programa de treinamento foi realizado durante 8 semanas e incluiu circuito, caminhada rápida ou corrida três vezes por semana em intensidade moderada. A suplementação de chá verde foi realizada na forma de extrato com dose de 500 mg / dia (mínimo de 75% de polifenol catequinas, 15 mg de cafeína natural e um mínimo de 45% de epigalocatequina galato – EGCG), uma hora antes do treinamento.
As concentrações séricas de interleucina 6 e PCR reduziram e os níveis de adiponectina aumentaram nos grupos intervenção, sobretudo quando houve a suplementação do extrato de chá verde. A concentração de irisina aumentou apenas no grupo com exercício e chá verde, e as concentrações de fator de necrose tumoral não se alteraram em nenhum grupo de intervenção. Ao considerar a alteração de peso corporal, índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura corporal (BFP) e área de gordura visceral, houve redução tanto na suplementação do extrato de chá verde e placebo associado com o treinamento. Contudo, a diminuição foi maior no grupo que utilizou o chá verde.
Em homens de meia-idade com sobrepeso, o impacto de exercício físico nos marcadores avaliados foi maior com o uso de extrato de chá verde do que quando realizado de maneira isolada. Nesse sentido, a suplementação do extrato de chá verde associada ao treinamento físico parece potencializar efeitos anti-inflamatórios e metabólicos.