A densidade de nutrientes da dieta pode beneficiar o estado de saúde, especialmente por oferecer substâncias com propriedades funcionais. Muitos estudos exploram a possibilidade de utilizar a alimentação para modular e controlar respostas biológicas específicas, e atualmente há maior interesse sobre os efeitos da dieta no sistema imunológico.
Ao combinar compostos ativos e propriedades anti-inflamatórias, alguns nutrientes oferecem potencial imunomodulador. Particularmente, zinco, selênio, ferro, ácidos graxos ômega-3 e as vitaminas A, C, D3, E e β-caroteno tem sido muito estudados. Dadas as inúmeras evidências, um estudo polonês recente explorou o potencial imunomodulador destes nutrientes sobre parâmetros indicadores da resposta imunológica.
O estudo teve como objetivo identificar quais destes nutrientes se associavam a um curso de infecção menos deletério e menor frequência e duração de infecções. Um total de 120 pessoas (78 mulheres e 42 homens), com idade entre 17 e 35 anos foram entrevistadas por meio de questionário online. Questões relacionadas ao estado de saúde, ingestão de alimentos e suplementos com nutrientes imunomoduladores, frequência de infecções virais, bacterianas e fúngicas, curso e duração de infecções foram contemplados.
Os autores observaram que 80% dos entrevistados relataram infecções virais, 36,7% declararam uso de suplementos alimentares projetados para melhorar a imunidade e 53,3% declarou baixo consumo de alimentos ricos em ferro. Houve baixo consumo de suplementos com selênio, zinco, betacaroteno e vitamina E, e suplementos com as vitaminas C e D foram mais consumidos.
Estes achados sugerem que o consumo de nutrientes pode se relacionar com o curso da infecção e que quadros leves foram relatados por indivíduos que consomem regularmente alimentos com alto teor de ácidos graxos ômega-3 (p < 0,04), vitamina C (p < 0,001) e selênio (p < 0,05) mais do que algumas vezes por semana. Ademais, a suplementação de vitamina D3 (diária ou mais de algumas vezes por mês) esteve associada à incidência ocasional de infecções virais (1-3 vezes por ano).
O estudo conclui que o consumo de alimentos com alto teor de vitamina C parece influenciar o curso das infecções, diminuindo a incidência de infecções virais, bacterianas e fúngicas. Além disso, a incidência de infecções virais parece ter sido efetivamente diminuída pelo consumo frequente de alimentos com alto teor de ferro e por suplementação recomendada de vitamina D3. O uso ocasional de suplementos contendo ferro, vitamina A, betacaroteno, ácidos graxos (ômega-3), selênio, zinco e probióticos está relacionado a menor frequência de infecções virais ou quadros mais brandos de infecção existente. Nesse sentido, uma dieta adequada com variadas fontes de nutrientes e a suplementação com orientação profissional parecem contribuir para a melhora do sistema imunológico.
Referência:Polak E, Stępień AE, Gol O, Tabarkiewicz J. Potential Immunomodulatory Effects from Consumption of Nutrients in Whole Foods and Supplements on the Frequency and Course of Infection: Preliminary Results. Nutrients. 2021; 13(4):1157.