A obesidade e as doenças metabólicas associadas a ela evidenciam a necessidade de comparar estratégias nutricionais para perda de peso e metabolismo da glicose. Dietas de estilo mediterrâneo (DME) de baixa caloria, com composição balanceada de macronutrientes são recomendadas pelas diretrizes atuais para perda de peso e por seus benefícios cardiometabólicos. Por outro lado, dietas pobres em carboidratos – low carb (LC) e ricas em proteínas são propostas como alternativa viável às dietas mediterrâneas, principalmente em curto prazo, para reduzir o ganho de peso e aumentar a saciedade, entre outros benefícios.
Tendo em vista que muitos resultados de dietas ainda são controversos, um estudo comparou a eficácia de uma dieta pobre em carboidratos com restrição calórica com a DME na perda de peso e na homeostase da glicose em pessoas com obesidade, já que esse público apresenta resistência à insulina e possui alto risco de desenvolver diabetes.
Foram selecionados 36 pacientes com IMC igual ou superior a 40kg/m2, com peso estável por pelo menos 6 meses, idade entre 25 e 60 anos, que aguardavam pela cirurgia bariátrica e não possuíam comorbidades como Diabetes Mellitus. O ensaio clínico aberto, randomizado, dividiu os participantes para receber dois tipos de dietas de baixa caloria por 4 semanas: LC e DME.
A dieta LC consistia principalmente de carne bovina, vitela, frios, ovos, queijo, vegetais e frutas. A distribuição energética dos macronutrientes foi 30% carboidrato, 30% proteína e 40% gordura. A dieta mediterrânea era rica em grãos inteiros (macarrão, pão, trigo integral), ovos, aves, peixes, vegetais, legumes, frutas e azeite de oliva como condimento principal, e pobre em carnes vermelhas e processadas. A distribuição energética dos macronutrientes foi 55% carboidratos, 15% proteínas e 30% gordura.
A ingestão calórica diária foi adaptada a cada paciente calculando um déficit de energia de 50% do Gasto de Energia em Repouso (GER) avaliado por calorimetria indireta. Todos os participantes foram submetidos a duas sessões de aconselhamento dietético comportamental. Trinta e dois (88,9%) participantes completaram o estudo e foram incluídos na análise: 17 (53,1%) no grupo LC e 15 (46,9%) no grupo DME. As características clínicas e metabólicas basais foram semelhantes entre os dois grupos.
A perda de peso média foi 58% maior no grupo LC em comparação com o grupo DME (5,7 ± 1,8% e 3,6 ± 1,6%, respectivamente; p = 0,001), com alterações semelhantes na circunferência da cintura e massa gorda. A glicose plasmática de jejum e a tolerância à glicose não foram afetadas pelas dietas. Os dois regimes dietéticos mostraram-se igualmente eficazes em melhorar a resistência à insulina e hiperinsulinemia de jejum, enquanto aumentam a depuração de insulina endógena e a sensibilidade das células β à glicose.
Os autores concluem que uma dieta pobre em carboidratos pode ser uma abordagem de curto prazo bem sucedida para perda de peso em pacientes com obesidade mórbida e uma alternativa viável à dieta mediterrânea por seus benefícios glicometabólicos, incluindo melhorias na resistência à insulina, depuração da insulina e função das células β, e que mais estudos são necessários para comparar a eficácia e segurança em longo prazo das duas dietas.
Referência:
Tricò D, et al. Effects of Low-Carbohydrate versus Mediterranean Diets on Weight Loss, Glucose Metabolism, Insulin Kinetics and β-Cell Function in Morbidly Obese Individuals. Nutrients. 2021 Apr 18;13(4):1345.