De natureza crônica, a insônia atinge cerca de 30% da população mundial com queixas frequentes de dificuldade em pegar no sono, dificuldade para mantê-lo e má qualidade de sono em geral. Nos últimos anos, a fitoterapia vem ganhando força como opção terapêutica complementar no tratamento da insônia; contribuindo para redução de possíveis efeitos adversos ocasionados pelo tratamento farmacológico tradicional.
Estudo publicado recentemente recrutou 40 indivíduos de 30 a 49 anos com má qualidade de sono relatada pelo menos 3 vezes na semana. Os participantes foram classificados por insônia leve a moderada através de questionários que avaliam a qualidade do sono como Índice de Gravidade da Insônia (ISI), Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e Short Form Health Survey (SF12).
Os participantes foram randomizados em dois grupos: controle sem intervenção (n=20) e grupo experimental (n=20), que recebeu intervenção através do consumo diário de chá de ervas medicinais tradicionalmente usadas na Ásia Oriental (HT002). Para consumo, as ervas foram lavadas, secadas, tostadas e divididas em porções (sachês) de 3g. O chá foi composto de ervas R. glutinosa (Gaertn.) DC, radix (900 mg); Z. jujuba var. inermis (Bunge) Rehder, fructus (900 mg); G. jasminoides J. Ellis, fructus (600 mg); and Z. jujuba var. spinosa (Bunge) Hu ex H. F. Chow, semen (600 mg). Para o grupo experimental HT002, foi administrado 1 sachê de chá que é equivalente a 250ml de infusão, orientado a ser tomado duas vezes ao dia (manhã e fim de tarde), por 4 semanas. As variáveis de qualidade do sono foram avaliadas nos períodos de 4 e de 8 semanas.
Ao fim da intervenção, 39 participantes concluíram o estudo e o consumo médio do chá de ervas HT002 foi de 70%. Exames laboratoriais da função hepática e renal também foram avaliados 4 semanas após o término de intervenção e não houve alterações entre eles.
Os resultados nos índices de insônia mostraram que houve diferença significativa do índice ISI ao término da 4ª (p =0,018) e 8ª semana ( p= 0,001), trazendo redução de 4 e 5 pontos na escala. No índice PSQI foi observado melhora da insônia através dos parâmetros de qualidade do sono na 4ª semana (p< 0,001), latência de sono (p=0,001) e duração do sono (p= 0,004). No mesmo período, dados mostram que também obtiveram melhoras na escala SF12 (p= 0,004) e MCS (p=0,024). Ao término da 8ª semana (p= 0,001) ainda foram observadas alterações positivas na escala PSQI nas variáveis de qualidade do sono (p= 0,005), latência de sono (p< 0,001) e duração do sono (p=0,009), também observadas na escala SF12 (p< 0,001) para o grupo experimental HT002.
Os autores concluíram que o consumo do chá de ervas medicinais apresentou alta tolerabilidade e demonstrou importantes alterações nos índices utilizados para classificação da insônia, com resultados similares tanto ao término da 4ª semana de estudo, quanto ao fim da 8ª semana de acompanhamento, melhorando qualidade de sono, latência e duração de sono e disfunção diurna.
Referência: Mun S, Lee S, Park K, Lee SJ, Koh BH, Baek Y. Effect of Traditional East Asian Medicinal herbal tea (HT002) on insomnia: a randomized controlled pilot study. Integr Med Res. 2019 Mar;8(1):15-20