A obesidade infantil é um dos maiores problemas atuais de saúde pública. Paralelamente, está associado ao desenvolvimento de outras comorbidades clínicas como síndrome metabólica, diabetes melito, resistência à insulina e doenças cardiovasculares.
Muitos desses distúrbios metabólicos podem ser reversíveis com a implantação de estratégias nutricionais efetivas. Atualmente, existem evidências que a suplementação de ácidos graxos ômega 3 (ω-3) pode prevenir o ganho de peso excessivo e resistência à insulina em crianças saudáveis. No entanto, o efeito dessa suplementação em crianças que já desenvolveram obesidade e alterações metabólicas ainda não são conclusivos.
Nesse sentido, estudo duplo-cego randomizado e placebo-controlado foi realizado no México para avaliar se a suplementação com ω-3, na dose de 800 mg de eicosapentaenoico (EPA) + 400 mg de docosahexaenoico (DHA), associado a dieta hipocalórica (restrição de 700 kcal), por 3 meses, reduziria a resistência à insulina e o peso ecorpóreo em adolescentes (12 a 18 anos) com obesidade (Percentil de IMC maior que 95). O número amostral resultou em 119 adolescentes no grupo intervenção e 126 no grupo controle não suplementado com ω-3.
Este estudo não demonstrou efeito significativo da suplementação com ácidos graxos-ω3 em adolescentes obesos (tanto na resistência à insulina quanto ao peso corporal). Talvez a dose suplementada seja muito pequena ou a presença de obesidade extrema pode ter levado a uma dose baixa por quilograma de peso corporal. Outro fator limitante do estudo é que o grupo controle recebeu uma dose diária de óleo de girassol, rico em ácido linoléico conhecido por seus efeitos pró-inflamatórios.
Os autores concluíram que a suplementação com ácidos graxos ω-3 não exerce efeitos terapêuticos em crianças com obesidade e resistência à insulina.