A Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) publicou recentemente novas diretrizes. O documento fornece respostas baseadas em evidências para guiar o tratamento de pacientes com caquexia associada ao câncer.
A nutrição é reconhecida como um componente essencial dos cuidados paliativos, reabilitação e de suporte, e o atendimento às necessidades do paciente inclui o fornecimento de energia, substratos nutricionais e estímulos anabólicos, bem como apoio compassivo para lidar com disfunções associadas aos aspectos emocionais e sociais da alimentação.
Todos os pacientes em tratamento anticâncer e naqueles com sobrevida esperada por alguns meses devem realizar triagem nutricional e receber terapia nutricional mensal (incluindo nutrição oral, enteral ou parenteral). Em pacientes com sobrevida estimada em poucos meses, recomenda-se intervenções nutricionais menos invasivas, priorizando o aconselhamento dietético e uso de suplementos orais. Já em pacientes com sobrevida esperada de algumas semanas, o cuidado deve ser direcionado ao conforto, alívio da sede e sofrimento relacionado à alimentação e outros sintomas debilitantes.
O aconselhamento nutricional de suporte e educação sobre caquexia, bem como o suporte psicológico e paliativo, é recomendado para todos os pacientes que experimentam sofrimento relacionado à alimentação.
A manutenção do estado nutricional deve incluir aporte de pelo menos 25-30 kcal/kg de peso corporal/dia e 1,2g de proteína/kg de peso corporal/dia. Em pacientes com caquexia, metades das calorias não proteicas podem ser oferecidas na forma de lipídios. Quando houver alto risco para desnutrição (tratamentos de modalidade combinada, quimioterapia de alta dose, agentes altamente emetogênicos), a terapia nutricional profilática deve ser considerada.
Pacientes com risco nutricional devem ser avaliados através da avaliação objetiva do estado nutricional e metabólica (incluindo peso, perda de peso, composição corporal, estado inflamatório, ingestão nutricional e atividade física) e exames para avaliar a presença de fatores que interferem na manutenção ou melhora deste estado (sintomas de impacto nutricional, disfunção gastrintestinal, dor crônica e sofrimento psicossocial).
O uso de terapia nutricional enteral e parenteral deve obedecer a indicações clássicas, que consideram a funcionalidade do trato digestivo. Na caquexia, sintomas gastrintestinais mais comuns são anorexia e saciedade precoce, náuseas, distensão abdominal, alterações do paladar, xerostomia, disfagia e constipação. Além disso, falta de ar e fadiga severa podem ser sintomas secundários que causam impacto no estado nutricional.
A nutrição parenteral domiciliar deve ser oferecida se a qualidade de vida ou tempo de sobrevivência forem seriamente comprometidos pela desnutrição progressiva. Os indicadores de um benefício potencial incluem baixo nível de inflamação sistêmica (níveis normais de albumina sérica, pontuação prognóstica de Glasgow modificada <2), ausência de doença metastática e status de performance (ECOG/WHO PS) de 0-2. Não há evidências suficientes para recomendar rotineiramente nutrição parenteral suplementar em pacientes hipofágicos e desnutridos recebendo quimioterapia para melhorar a qualidade de vida e parâmetros nutricionais.
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