ABESO: Classificação da Obesidade com base no histórico de peso

ABESO: Classificação da Obesidade com base no histórico de peso

obesidade controlada
Foto: shutterstock.com

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) publicou uma nova proposta para a classificação da obesidade, com base no peso máximo alcançado na vida e a porcentagem de perda de peso alcançada para orientar de forma mais assertiva as decisões clínicas individualizadas.

A obesidade é uma doença crônica, recidivante e que possui um manejo clínico de difícil controle. Existem hipóteses de que o corpo humano possui um “set point” para perda de peso, ou seja, as tentativas de perder peso são geralmente contrabalançadas por uma tendência de recuperação de peso após uma intervenção para perda de peso.

Em função disso, torna-se muito raro a resolução da obesidade com base no tratamento clínico. Entretanto, a perda de peso de 5-10%, como sugerida por muitos guidelines, pode muitas vezes não mudar a faixa de índice de massa corporal (IMC), porém exprime muito benefícios metabólicos para os indivíduos.

Ao considerar somente a faixa de IMC, esses benefícios podem não ser reconhecidos da forma adequada e o paciente ser estimulado sempre a perder mais peso, o que biologicamente, isso pode não acontecer. Dessa forma, a ABESO sugeriu uma nova forma de classificação da obesidade, a fim de complementar os diagnósticos padronizados hoje.

 

IMC Máximo Inalterado* Reduzido* Controlada*
30-40 kg/m 2 <5% 5-9.9% >10%
40-50 kg/m 2 <10% 10-14.9% >15%

Como realizar isso na prática:

1°: Na primeira consulta, questionar sobre qual é o peso máximo que o paciente já alcançou na vida.

2°: Com base na classificação original do IMC, deve-se diagnosticar o grau de obesidade (Classe I, 30,0-34,9 kg/m 2 ; Classe II, 35,0-39,9 kg/m 2).

3° Adicionar a essa classificação original os termos inalterado (se estiver próximo ao valor do peso máximo), reduzido (se 5%-10% de perda de peso for alcançado) ou controlado (se pelo menos 10% de perda de peso for alcançado).

4° Caso o IMC do paciente seja em torno de 40-50kg/m², os termos serão inalterado (se a perda de peso for inferior a 10%) e reduzido (se 10-15% de perda de peso for alcançado).

Essa classificação proposta pode ajudar os indivíduos a entender que a obesidade é uma doença crônica e, independentemente de seu estado de peso atual, sua biologia é direcionada para a recuperação do peso. Se um indivíduo perdeu uma quantidade substancial de peso e não é capaz de perder mais peso, seu objetivo seria manter o peso em vez de perder mais peso, o que provavelmente aconteceria se  apenas o novo IMC tivesse sido considerado.

Dessa forma, essa classificação simples e pronta para uso pode ajudar a reduzir o estigma do tratamento clínico da obesidade, melhorar a adesão em longo prazo à terapia da obesidade e facilitar o entendimento de que a obesidade é uma doença crônica e recorrente.

Algumas situações especiais são reconhecidas na diretriz, como gravidez e lactação, perda de peso involuntária, indivíduos com doenças crônicas em estágio terminal, idosos, crianças e adolescentes, dentre outros. Para ter acesso a esse documento completo, acesse o link que está na bio.

  1. Halpern B, Mancini MC, Melo ME de, Lamounier RN, Moreira RO, Carra MK, et al. Sociedade Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO). Arch Endocrinol Metab [Internet]. 2022 abr;66(2):139–51. Disponível em: https://doi.org/10.20945/2359-3997000000465

https://www.scielo.br/j/aem/a/sJznQT3F56FRKPkSpGTFYSL/#

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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