O consumo de glúten por portadores de transtorno do espectro autista gera especulações que tal nutriente poderia contribuir para aumento da permeabilidade intestinal e maior absorção de peptídeos; fatores que podem prejudicar a transmissão neuronal e influenciar o comportamento do autista. Recentemente, estudo randomizado, controlado e duplo-cego avaliou a influência de dieta sem glúten em crianças portadoras de Transtorno do Espectro Autista.
Foram selecionados participantes com idade entre 36-69 meses e quociente de inteligência (QI) ≥ 70, que seguiram dieta com exclusão de glúten e lactose por oito semanas. Após esse período as crianças foram submetidas a intervenção na qual foram randomizadas em dois grupos: um recebeu dieta isenta de glúten (DSG), e outro que recebeu dieta com glúten (DCG).
Durante acompanhamento de seis meses, participantes de ambos os grupos não apresentaram mudanças quanto ao funcionamento gastrointestinal, IMC ou outros eventos adversos. O escore das ferramentas diagnósticas: ADOS-2 RRB (escala de observação para o diagnóstico de autismo), ASRS (questionário de avaliação de sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção) e SCQ (Questionário de comunicação Social) evidenciaram valores diferentes ao longo dos seis meses de acompanhamento, sugerindo uma melhora dos sintomas do Transtorno do Espectro Autista no grupo DSG, entretanto, tais melhorias não foram estatisticamente associadas às intervenções dietéticas do estudo.
Os autores concluíram que a presença ou exclusão do glúten na dieta não demonstrou alterações dos sintomas do autismo em crianças de até 6 anos de idade. Portanto, são necessários estudos a longo prazo e em indivíduos mais velhos para investigar os potenciais efeitos do glúten nesta população.