Autogestão de hábitos em adolescentes com diabetes tipo 1

Autogestão de hábitos em adolescentes com diabetes tipo 1

O manejo e controle do diabetes tipo 1 (DM1) na adolescência possui um impacto positivo na realização das atividades do dia a dia, autocontrole e regulação emocional. Este controle é desafiador, porém necessário para evitar complicações em curto e longo prazo. A maior automaticidade pode contribuir no autogerenciamento do diabetes e apoiar envolvimento adequado de indivíduos em tarefas como a simples verificação da glicose sanguínea, ou tarefas mais complexas, como a dosagem da insulina.

Para avaliar associações entre parâmetros de gerenciamento de DM1, um estudo americano avaliou 79 adolescentes de 13 e 17 anos, que participaram de um acompanhamento de verão. Os parâmetros analisados incluíram: automaticidade comportamental percebida para tarefas de autogestão de diabetes, frequência percebida de desempenho de tarefas de autogestão de diabetes, falhas autorregulatórias percebidas na verificação diária de glicose e níveis glicêmicos.

Foram coletados dados demográficos e preenchidas escalas de avaliação de comportamento e autogerenciamento do diabetes e, após um período de um a três meses, os participantes preencheram um diário de sete dias, que incluía o autorrelato de: desempenho das atividades de autogestão, controles dos níveis de glicose diários de acordo com os resultados obtidos pelos monitores de glicose utilizados, e controle de medida validada para avaliar falhas de autorregulação relacionada a verificação da glicose. Os participantes não foram solicitados a modificar seu nível de autogestão durante o período de acompanhamento.

A idade média dos participantes foi de 7,34 anos (DP = 3,45; intervalo = 1-14 anos), a maioria utilizava monitor contínuo de glicose (MCG). A maior automaticidade para todas as quatro escalas de tarefas foi associada ao aumento do autogerenciamento: verificação ou revisão dos níveis de glicose no sangue antes de comer e contagem de carboidratos antes de comer (p=0,001).

A maior automaticidade geral para o autogerenciamento do diabetes foi associada a um maior autogerenciamento geral (p=0,001). Os testes t indicaram que a maior automaticidade para o autogerenciamento do diabetes foi relatada por adolescentes que usaram um monitor contínuo de glicose (MCG) (uso de MCG: M = 4,44; SD = 1,11; sem uso de MCG: M = 3,54; SD = 1,45; t (76) = 2,39 , p = 0,019).

Na subamostra de pacientes que completaram o diário (n=50), a automaticidade para verificar ou revisar os níveis de glicose no sangue antes de comer e maior automaticidade para contar carboidratos antes de comer, foram associados a maior autogerenciamento diário médio (r = 0,55, p, 0,001; r = 0,47, p = 0,002, respectivamente), além de menos falhas médias diárias de autorregulação na verificação de glicose (r= 0,51, p, 0,001; r= 0,44, p = 0,003, respectivamente).

Maior automaticidade para verificar ou revisar os níveis de glicose no sangue ao acordar e maior automaticidade para ajustar a insulina foram associados a maior autogestão média (r = 0,38, p = 0,012; r = 0,47, p = 0,002, respectivamente). Maior automaticidade geral para o autogerenciamento do diabetes foi associada a maior média diária autogestão (r= 0,62, p, 0,001), menos falhas médias diárias de autorregulação na verificação de glicose (r = 0,38, p = 0,012).  Pacientes com maior tempo de diagnóstico falharam mais na contagem de carboidratos antes de comer (p = 0,045).

Os autores concluíram que a maior automaticidade para o autogerenciamento do diabetes foi associada a maior autogestão diária e basal, menor número de falhas de autorregulação diária na verificação de glicose e níveis médios diários de glicose no sangue mais baixos.

Referência:

Cummings C, Benjamin NE, Prabhu HY, et al. Habit and diabetes self-management in adolescents with type 1 diabetes. Health Psychol. 2022;41(1):13-22. doi:10.1037/hea0001097

Pós-graduação de Nutrição Clínica

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