Fatores masculinos estão estimados em 30% dos casos totais de infertilidade. Na prática clínica, o espermograma é o exame utilizado na investigação de infertilidade masculina, onde são avaliados diversos parâmetros, como: volume do sêmen, quantidade, mobilidade e morfologia dos espermatozoides. Neste contexto, o interesse pelo estudo de nutrientes que possam contribuir com a fertilidade vem crescendo a cada ano. O zinco e o ácido fólico são nutrientes bastantes investigados na fertilidade masculina. Zinco é essencial na espermatogênese e protege o espermatozoide contra danos oxidativos que prejudicam a mobilidade e aumentam a apoptose. Igualmente, o fotato participa da síntese e metilação do DNA, essencial para a espermatogênese, como doador de carbonos e sequestrador de radicais livres, possuindo propriedades sinérgicas com o zinco.
Estudos clínicos com suplementação de zinco e de ácido fólico em homens têm sido conduzidos de forma heterogênea e obtido resultados contraditórios, sendo que algumas evidências sugerem que a combinação dos dois nutrientes pode ser efetiva. Contudo, o efeito da suplementação desses nutrientes permanece incerto na infertilidade masculina.
Recentemente, a revista científica JAMA publicou um estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que avaliou o efeito da suplementação diária de ácido fólico (5 g/dia) e de zinco (30 mg/dia) na qualidade do sêmen de homens e no número de nascidos vivos entre casais buscando tratamento de infertilidade.
Foram incluídos 2.370 participantes de 4 centros de reprodução humana dos Estados Unidos. Os desfechos primários estudados foram a qualidade do sêmen e o número de nascidos vivos. Como desfechos secundários incluiu-se o hormônio beta-HCG (acima de 5mUI/mL), gravidez tópica, ectópica, de múltiplos fetos e perdas gestacionais.
A intervenção foi realizada durante 6 meses, em que houve alta adesão ao protocolo: grupo intervenção apresentou 86% de adesão nos 4 primeiros meses e 82% entre 4 e 6 meses; já no grupo placebo a adesão foi de 88% (basal de 2 meses), 86% (2 a 4 meses) e 84% (4 a 6 meses). O desfecho primário nascidos vivos foi encontrado em 820 participantes (35%), não havendo diferença significativa entre o grupo intervenção (404 [34%]) e o grupo placebo (416 [35%]). A qualidade do sêmen, concentração de espermatozoides, motilidade, morfologia, volume e contagem da motilidade total não diferiu entre os grupos após 6 meses de intervenção. Igualmente, não foram encontrados efeitos significativos da suplementação nos desfechos secundários.
Nesse estudo, os autores concluíram que a suplementação de zinco e de ácido fólico em homens não melhorou significativamente a qualidade do sêmen ou a taxa de nascidos vivos em uma população em busca de tratamento para infertilidade.
Referência: SCHISTERMAN, E. F. et al. Effect of Folic Acid and Zinc Supplementation in Men on Semen Quality and Live Birth Among Couples Undergoing Infertility Treatment: A Randomized Clinical Trial. JAMA, v. 323, n. 1, p. 35–48, 7 jan. 2020.