Crianças com sobrepeso e obesidade comumente apresentam deficiência de vitamina D. Essa deficiência está associada a marcadores ruins de saúde cardiometabólica incluindo hipertensão arterial, aterosclerose subclínica e níveis mais elevados de glicemia de jejum.
Recentemente, pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, investigaram a suplementação de diferentes doses de vitamina D na saúde cardiovascular em uma população infanto juvenil acima do peso. Foram analisados parâmetros de função endotelial, rigidez da artéria, pressão arterial central e sistêmica (PA), sensibilidade à insulina, concentração de glicose em jejum e perfil lipídico.
O estudo foi randomizado, duplo-cego e controlado com 225 participantes entre 10 a 18 anos, divididos aleatoriamente em três grupos de suplementação de vitamina D nas doses de 600 UI/dia, 1000 UI/dia ou 2000 UI/dia, por 6 meses. Os participantes não poderiam estar em tratamento que afetasse o metabolismo de glicose ou de lipídios e deveriam apresentar deficiência de vitamina D e glicemia de jejum <125 mg/dL. Eles foram avaliados no momento de inclusão na pesquisa, no terceiro e sexto mês de intervenção, sendo consideradas variáveis antropométricas, composição corporal, exposição ao sol, alimentação, prática de atividade física, PA, concentrações séricas de 25(OH)D, hormônio paratireoidiano (PTH), glicose e perfil lipídico.
Todas as doses foram bem toleradas pelos participantes, sem desenvolvimento de hipercalcemia. As concentrações séricas de 25(OH)D aumentaram em todos os grupos, sendo que concentração média >30 ng/mL foi observada apenas no grupo que recebeu 2000 UI. Na comparação entre os grupos, a PA foi menor no grupo que recebeu 1000 UI quando comparado ao grupo que recebeu 600UI, porém não foi observada mudança significativa. O mesmo aconteceu com o grupo que recebeu 2000UI, que após 6 meses apresentou menor glicemia de jejum e maior sensibilidade à insulina, porém sem significado estatístico. Não houve diferença entre os grupos para a outras variáveis.
Apesar de não haver diferenças significativas entre as doses estudadas, os autores concluem que, a longo prazo, a suplementação de vitamina D pode ter um papel preventivo primário na melhoria da saúde cardiovascular de crianças com sobrepeso e obesidade, porém mais estudos ainda precisam ser feitos.
Referência: RAJAKUMAR, Kumaravel; MOORE, Charity G; et al. Effect of vitamin D3 supplementation on vascular and metabolic health of vitamin D–deficient overweight and obese children: a randomized clinical trial: a randomized clinical trial. The American Journal of Clinical Nutrition, 2020, v. 111, n. 4, p. 757-768.
Por: Natália Lopes