Na pós-menopausa as mulheres estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares; e uma possível razão para esse risco é o aumento do estresse oxidativo.
Um recente estudo brasileiro prospectivo, randomizado, duplo-cego, avaliou o efeito da suplementação de isoflavonas combinada com a prática de exercícios físicos em marcadores estresse oxidativo de mulheres na pós-menopausa.
Foram recrutadas 36 mulheres, com idade entre 50 e70 anos, IMC ≤30 kg/m², amenorreia por pelo menos 1 ano, capazes de realizar atividades físicas e sem histórico de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. As participantes foram distribuídas igualmente em dois grupos, placebo + exercício físico (n=18) e suplementação de isoflavonas + exercício físico (n=18).
O grupo suplementado recebeu uma cápsula por dia de 100 mg de isoflavonas contendo 3,3 mg de genisteína, 93,5 mg de dadzeína e 3,2 mg de gliciteína derivada da soja, que correspondem a aproximadamente 37,58g de soja. As participantes tiveram avaliação dietética realizada e orientações para seguir normalmente com a sua alimentação habitual, além de um treinamento físico que constituiu em 30 sessões de exercícios aeróbicos e de resistência, realizadas 3 vezes por semana, em dias não consecutivos, durante 10 semanas. Amostras salivares foram coletadas após jejum noturno cinco dias antes do início do estudo, 72 horas após o último treinamento físico e novamente depois de dez semanas da intervenção para avaliar marcadores do estresse oxidativo como superóxido dismutase – SOD, ácidos tiobarbitúricos – TBARS, catalase, proteína total e nitrito. A capacidade antioxidante total na saliva foi avaliada pelo potencial de capacidade redutora de ferro (do inglês, FRAP).
Em ambos os grupos, a análise salivar demonstrou uma diminuição significativa no tempo das enzimas catalase (p= 0,008) e aumento das concentrações da enzima antioxidante superóxido dismutase (p= 0,154). Não houve diferença entre potencial de capacidade redutora do ferro (FRAP; p= 0,291) e de proteína total (p= 0,078), mas houve um aumento na concentração de nitrito na saliva do grupo placebo (p=0,007) enquanto o grupo suplementação diminuiu após a intervenção. As concentrações de TBARS, indicadores de peroxidação lipídica, foram menores do grupo suplementado com isoflavonas (p = 0,035), e discretamente aumentados no grupo placebo após a intervenção.
O estudo mostrou uma associação positiva da suplementação de isoflavonas juntamente ao exercício físico para concentrações de nitrito e TBARS em mulheres na pós-menopausa, indicando um efeito antioxidante e menor produção de peróxidos lipídicos e nitratos.
Por: Nicole Perniciotti