O consumo de bebidas açucaradas (sucos naturais adoçados, refrigerantes e bebidas lácteas) constituem cerca de 20% das calorias totais ingeridas por crianças e adolescentes. Recentemente, estudo canadense propôs verificar se o consumo dessas bebidas poderia alterar mecanismos reguladores da ingestão alimentar, apetite e favorecer ganho de peso.
Para testar esta hipótese, foram selecionados 32 meninos entre 9 e 14 anos de idade, que realizaram 4 visitas matinais ao laboratório, após consumo do café da manhã padrão. No laboratório, era oferecido 350ml de uma bebida açucarada (aleatoriamente: refrigerante, suco industrializado, achocolatado) ou água. Após 60 minutos do consumo da bebida, os meninos eram conduzidos isoladamente a uma sala de painel sensorial com o consumo ad libitum de pizza e garrafa de água (500 ml). Nesse ambiente, uma escala de motivação para comer era aplicada a cada 15 minutos.
Os resultados do estudo mostraram que a ingestão alimentar foi reduzida após o consumo de achocolatado e refrigerante quando comparados com a água. O consumo de suco adoçado aumentou a ingestão alimentar quando comparado a bebida achocolatada. Adicionalmente, o consumo de sucos resultou no aumento de 10% das calorias cumulativas (bebida antes da refeição + refeição teste).
A aferição de escala de sede verificou que meninos que consumiram água tiveram menor sensação de sede quando comparado com aqueles que consumiram suco ou achocolatado, mas não quando comparado com o grupo do refrigerante. Os resultados não diferiram de acordo com estado nutricional (adolescentes sobrepeso e eutróficos tiveram resultados semelhantes).
O estudo cita a hipótese que o suco de frutas, devido sua relação glicose: frutose, não seria capaz de suprimir a ingestão alimentar devido ao fraco efeito da frutose na liberação de hormônios de saciedade. A saciedade causada pelo refrigerante pode ser explicada pelo efeito de distensão abdominal; e do achocolatado pela presença de proteínas (causando liberação do hormônio colecistocinina).
Mais estudos devem ser realizados para verificar se estes efeitos a curto prazo serão traduzidos em modificações da composição corporal, através de um estudo longitudinal.
Referência: Poirier KL, Totosy de Zepetnek JO, Bennett LJ et al. Effect of Commercially Available Sugar-Sweetened Beverages on Subjective Appetite and Short-Term Food Intake in Boys. Nutrients. 2019, 26;11(2).