A terapia nutricional é fundamental no tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DIIs). De acordo com as atuais diretrizes da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica e a Organização de Colite, a nutrição enteral exclusiva é a primeira linha de terapia para pacientes pediátricos com doença de Crohn.
A intervenção com dieta enteral consiste em excluir grupos de compostos alimentares, limitar a exposição a antígenos, estabilizar a permeabilidade intestinal, repor de nutrientes e padronizar o fornecimento de carboidratos. Contudo, a promessa de tratamento não cirúrgico e não farmacológico da doença inflamatória intestinal também propõe o uso de dietas com adaptações nutricionais específicas.
A exclusão de glúten, produtos lácteos, gordura animal, emulsificantes e alimentos enlatados ou processados pode ser utilizada em pacientes com doença de Crohn. Entretanto, existem muitos desafios na implementação deste tipo de dieta. A variedade e a variabilidade é um fator determinante, pois componentes dietéticos como macronutrientes, micronutrientes, aditivos, contaminantes e bioprodutos de preparação devem ser identificáveis. Além disso, a prescrição mal definida ou mal compreendida e a dificuldade de aceitação e adesão também são fatores determinantes.
Tratando-se do público infantil, a estratégia nutricional deve ser minimamente planejada para atender as necessidades nutricionais e garantir o crescimento linear e a saúde óssea. Nesse sentido, o rigor científico precisa ser devidamente aplicado para estabelecer condutas e evitar a implementação de um tratamento inadequado que aumente a dependência de abordagens farmacológicas.
Os autores concluem que respostas mais precisas ainda se fazem necessárias, mas sabe-se que a nutrição e a terapia nutricional constituem grande promessa para o tratamento de doença inflamatória intestinal pediátrica.
Referência: Picoraro JA, Akabas SR, LeLeiko NS. Harmonizing Nutritional Therapies for Pediatric Inflammatory Bowel Disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2020;70(3):285-288.Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31860541/