A constipação crônica é um problema comum em crianças, caracterizada por incontinência fecal e dor abdominal. Está associada a dor sem causa identificável em mais de 90% das crianças; e é geralmente de origem funcional. Com os tratamentos clássicos, os sintomas ainda não são totalmente aliviados. Por este motivo, os autores realizaram uma metanálise para estudar o efeito da suplementação de probióticos na população infantil com constipação crônica classificada pelos sintomas clínicos, opinião médica e/ou critérios de Roma.
Foram incluídos 4 estudos clínicos (159 crianças, idade média entre 2 a 6 anos e queixa de constipação por 14 a 41 meses). Diferentes cepas probióticas foram estudadas, sendo Lactobacillus rhamnosus GG (109 UFC), Lactobacillus casei rhamnosus (8 x 108 UFC) em 2 estudos e Bifidobacterium lactis strain DN-173 010 (4.25 x 109 UFC). Análises evidenciaram que as crianças que receberam probióticos apresentaram menor frequência no uso de enema glicerina (p=0,004) e de queixa de dor abdominal (p<0,001). Entretanto, o uso de probióticos não apresentou efeito significativo sobre o movimento intestinal espontâneo e episódios de escape fecal semanal, esforço durante defecação, uso de lactulose, uso de laxantes, incontinência fecal, dor durante evacuação, flatulência e eventos adversos (p>0,05). A metanálise não se mostrou favorável ou desfavorável à intervenção (p=0,079).
Os autores concluíram que a suplementação com probióticos pode reduzir a frequência do uso de enema glicerinado e dores abdominais, porém sem efeito significante nos outros índices funcionais da constipação crônica em crianças.