A desnutrição é uma complicação bem conhecida da pancreatite crônica e alterações na composição corporal são comuns nessa situação. Olesen e colaboradores realizaram um estudo de coorte prospectivo de 182 pacientes ambulatoriais com pancreatite crônica com o objetivo de investigar a prevalência de sarcopenia, seus fatores de risco associados e resultados relacionados à saúde.
A avaliação da composição corporal foi feita por Impedância bioelétrica e teste de função muscular por Dinamometria e Teste “timed-up-and-go”. As características demográficas e de doença, incluindo insuficiência pancreática exócrina (IPE), foram analisadas quanto à sua associação com a sarcopenia. Foi utilizado o questionário EORCT QLQ-C30 para documentar a qualidade de vida e foi analisada as associações entre a sarcopenia e o número de hospitalizações, o número de dias internados e a sobrevida nos próximos 12 meses.
A prevalência de sarcopenia foi de 17% (IC 95%; 11,9-23,3) e 74% dos pacientes sarcopênicos apresentaram Índice de Massa Corpórea (IMC) na faixa normal ou acima do peso (IMC> 18,5kg / m2). A IPE foi um fator de risco independente para a sarcopenia (OR 3,8 IC95% [1,2-12,5]; p = 0,03). Várias escalas e itens do QLQ-C30 foram associados à sarcopenia, incluindo funcionamento físico (p <0,001) e saúde global (p = 0,003). Durante o seguimento, a sarcopenia foi associada a um aumento do risco de hospitalização (OR 2,2 IC95% [0,9-5,0], p = 0,07), aumento do número de dias de internação (p <0,001) e redução da sobrevida (HR 6,7 [95% IC; 1,8-25,0]; p = 0,005).
Os autores concluíram que a sarcopenia é uma complicação comum da pancreatite crônica e está associada a resultados adversos relacionados à saúde. Como a sarcopenia não é reconhecida pelos parâmetros antropométricos convencionais, a avaliação nutricional sistemática deve ser priorizada.