Em estudos observacionais, o consumo de dieta rica em ácidos graxos ômega-3 (AG n-3) e níveis plasmáticos maiores de vitamina D são associados à redução dos riscos de doenças cardiovasculares e de câncer. Contudo, o efeito da suplementação de cápsulas concentradas desses nutrientes permanece incerto na prevenção de doenças.
Recentemente, a revista científica New England publicou um estudo randomizado, controlado por placebo, que avaliou o efeito da suplementação diária de AG n-3 (1 g [460 mg de EPA e 380 mg de DHA]) e de vitamina D3 (2000 UI) na prevenção primária de doença cardiovascular e câncer em homens e mulheres com idade mínima de 50 anos.
Foram selecionados 25,871 participantes, incluindo 5,106 participantes negros. Os desfechos primários estudados foram o câncer invasivo de qualquer tipo e eventos cardiovasculares importantes como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio (IAM) e morte por causas cardiovasculares.
Durante o acompanhamento médio de 5,3 anos, os participantes suplementados com vitamina D3 e AG n-3 não apresentaram incidência significativamente menor de qualquer desfecho primário em comparação com o grupo placebo. Entretanto, quando foi realizada análises estatísticas de subgrupos, após a exclusão dos 2 primeiros anos do estudo, foi encontrada uma redução de 28% do risco de IAM isolado em todo o grupo recebendo ômega 3. Destes, 77% do risco de infarto agudo do miocárdio foi observado entre participantes negros.
Os autores concluíram que a suplementação com AG n-3 e vit D3 não resultou em menor incidência de eventos cardiovasculares importantes ou de câncer. No entanto, quando observado separadamente, a suplementação de AG n-3, em especial na população negra, apontou resultados mais otimistas e essa observação desse ser melhor explorada em estudos futuros.